domingo, 28 de outubro de 2012

PALAVRA



Levada no canto
jogada no centro de um furacão,
sou parte da tempestade
a essência da delicadeza no fogo do dragão
que ora teima, ora arde e reparte,
corpo é arte em ebulição,
vulcão que alarda o silêncio
sou levada sem direção, de repente,
atravesso quente feito bala, sou um
tiro a queima roupa, acerto o impreciso
tudo está escrito no não-dito,
nas ideias que me visto
na contramão do pensamento
ou no instante desatento
em que o pensar vira poesia
e o poeta é, sem saber ser
o eternizador de uma faísca
bela, que desliza no ar
até se apagar e dizer
tudo que precisa.

(Cáh Morandi, Marisa Vieira & Priscila Rôde)

4 comentários:

Flávia Côrtes disse...

Adorei.
Em algum poema que eu não lembro mais qual é, tem um verso meu que diz... "a arte dá perenidade ao efêmero".
:)

Priscila Rôde disse...

Mari, obrigada! Sinto-me honrada com esse presente!

Meu coração não para de ler e reler...de novo...e sempre!

Um beijo.

Diego Leão disse...

Que as faíscas se façam então fogo eterno, que mesmo diminuto, insiste em permanecer...

Diego Leão disse...

Esse silêncio, o não-dito, ao se deflagrar com ações que ficam retidas na memória de nossos sentimentos, conseguem gerar essa matéria-prima pra produção de muita coisa que a gente escreve...

Linda sua sensibilidade.

Um abraço!